Não é brincadeira e nem anúncio apocalíptico. Um objeto espacial (identificado!) está em rota de colisão com a Terra. As probabilidades de que cause alguma desgraça maior são bem poucas. Mas o fato atesta que os problemas com o “lixo espacial” estão num limite crítico, que pode trazer grandes problemas – inclusive para serviços básicos de comunicação e rastreamentos aqui na Terra.
Segue a notícia clipada da Folha de São Paulo no boletim Jornal da Ciência (SBPC):
JC e-mail 4346, de 19 de Setembro de 2011.
Queda de satélite aumenta tensão com lixo no espaço
Objeto tem o tamanho de um ônibus e deve cair na Terra nesta semana. Nasa diz que o risco para as pessoas é mínimo; relatório diz que detritos espaciais atingiram "ponto crítico".
Um satélite desativado do tamanho de um ônibus irá cair em algum lugar da Terra nesta semana, provavelmente entre a quinta e a sexta-feira. A informação é da Nasa, que afirma, porém, que as chances de que alguém seja atingido são mínimas - cerca de 1 em 3.200.
Lançado pela agência espacial americana em 1991, o Uars funcionou até 2005, observando a atmosfera. Desde então, ele é apenas um entre vários satélites defuntos e outros objetos que sujam a órbita do planeta. De acordo com a Nasa, há "pelo menos" 20 mil fragmentos com mais de 10 cm nos arredores terrestres.
Nesse "lixão" espacial tem de tudo. Desde satélites inteiros desativados, até peças de foguetes e naves. Também entram na conta câmeras fotográficas e até uma luva "perdidas" por astronautas.
No início do mês, um relatório do Conselho de Pesquisa Nacional dos EUA - entidade privada e sem fins lucrativos que fornece consultoria científica- afirmou que os detritos espaciais chegaram a um "ponto crítico". Em junho, o lixo espacial forçou a evacuação da ISS (Estação Espacial Internacional). Os astronautas tiveram que se refugiar na nave Soyuz porque um pedaço de satélite passaria muito próximo. Felizmente, o objeto se desviou e a tripulação pode retornar logo depois.
O bilionário laboratório flutuante, aliás, já foi projetado para resistir ao impacto de pequenos objetos. Um de grandes proporções, porém, seria desastroso. Por isso, a nave conta com um sistema que permite desviá-la da rota do lixo desgovernado. Para que isso aconteça, porém, é preciso que o objeto seja detectado com antecedência. Com a quantidade crescente de dejetos, monitorar isso tudo é cada vez mais caro e complicado.
Riscos - Embora sempre exista a possibilidade de cair na cabeça de alguém, o maior risco mesmo, diz a Nasa, é o de que o lixo se choque com satélites ou naves, prejudicando e muito a nossa vida. Vagando no espaço, até um fragmento mínimo pode provocar um grande estrago ao colidir com uma nave ou um satélite. Com isso serviços como GPS e transmissões de tevê e internet seriam gravemente prejudicados.
Solução - Apesar de desejável, ainda não é possível fazer uma faxina espacial. Não existe tecnologia para remover todos os fragmentos, especialmente os menores, da órbita terrestre. Os cientistas, porém, continuam tentando. Entre as alternativas apresentadas, há desde a criação de um sistema de redes gigante, que conseguiria capturar a sujeira, além de sistemas de raios laser que desviariam o lixo de sua rota.
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